segunda-feira, 1 de junho de 2009

Change

Nada melhor do que mudanças.
Nada mesmo.

Mudanças radicais geram estímulos.
Cortar o cabelo, comprar um cachorro, pedir demissão são atitudes capazes de dar um "up" na vida de qualquer sujeito, ou não.
Tá aí nosso famoso Imperador que não me deixa mentir: Alegou depressão, largou futebol no exterior, fãs, luxo (tudo!) e foi comprar pó na favela, ou melhor, visitar os amigos. E quando a mídia tava lá quietinha, quase esquecendo eis que surge o dito cujo e assina contrato com o Flamengo, dá entrevistas e até faz um golzinho no tradicional futebol dominical! Mérito do Imperador que deu um "up" na carreira e hoje estampa as capas de todos os jornais.
Aliás, tamanha criatividade da imprensa em publicar a manchete "A nova onda do Imperador", hein! Mas isso já é outra história...

Falando em "up", uma dúvida que não me sai do pensamento é o motivo do nome da Síndrome de Down, já que em tal anomalia genética o indivíduo nasce com um cromossomo a mais...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Como minha primeira atitute bloguística venho por meio deste tornar público o artigo escrito pelo meu pai pra melhor amiga que eu tive em toda a minha vida. Lory, essa é pra você!

(O presente artigo foi publicado em alguns jornais da região dos lagos)

FIDELIDADE CANINA

Há 17 anos, por sugestão do pediatra da minha filha, com 2 anos de idade, fui procurar através de amigos, um cão de pequeno porte, dócil, que lhe pudesse fazer companhia. Fui à casa de um amigo, feliz possuidor de uma ninhada de poodles, com mais de 30 dias de idade, vermifugada, etc. Fui para conhecer um deles que segundo o meu amigo era de rara beleza, por ter o pelo cor de champanhe e uma auréola em torno do olho esquerdo que lhe dava um ar de nobreza. Imperador! Era assim que o chamavam.
A maior dificuldade era mantê-lo perto de nós, pois, embora bonito achei-o um tanto depressivo e recusando-se a mostrar todo o seu talento de Imperador, fugindo seguidamente da nossa companhia. Ao contrário desse desprezo, havia uma cadelinha pretinha, sem-vergonha, que mordia o tempo todo a bainha da minha calça e os meus dedos. Quando fiz os primeiros afagos, na neguinha, (“danem-se os politicamente corretos. Nunca ouvi ninguém chamar: cachorrinha afro-descendente”.) deitou e rolou pelo chão, me provocando para brincar mais. Quando finalmente o meu amigo conseguiu localizar e colocar uma coleira no “depressivo-fujão”, veio trazê-lo com um sorriso nos lábios para disfarçar a decepção: “Pronto. Aqui está o presente da sua filha”. Retribuí-lhe o sorriso sem-graça, e coloquei dessa forma: “Sempre ouvi dizer que é o cão que escolhe o dono. Acho que esta pretinha quer ser minha amiga para sempre. Portanto, resolvi: Vou ficar com ela!”. O meu amigo, meio atordoado com a minha reação esboçou mais um tímido sorriso e quis me dar um desconto na venda da pretinha. Recusei, e falei da minha alegria de ter esta nova amizade.
Ao chegar em casa, a pretinha conquistou a todos com as sua travessuras, e demonstrava a sua alegria urinando-se toda a cada afago. Assim a neguinha foi adotada por nós como uma filha. Para quem acredita no invisível, aquela casa e as pessoas, pareciam-lhe extremamente familiares.
O seu nome Lory, deu-se em função da melhor amiguinha da minha filha chamar-se Laura. Ela queria “batizar” a sua nova paixão com o nome da querida amiguinha. A nosso conselho, fizemos pequena modificação e passou a ser Lory. Nem tudo foram flores durante esses anos. Eu como todo pai coruja, sonhei o “casamento” da Lory, com um poodle de uma família nobre, com todo ritual pomposo. Cheguei a pensar em ritual e festa de núpcias canina. Certa noite, ao chegar do trabalho, a Lory com três anos de pura travessura, Já no cio, tinha sido “estuprada” por um poodle de rua. Por ser magricela e faminto, conseguiu ultrapassar a grade estreita e “faturou” a minha Lory. Eu também me senti “estuprado” (epa!!!). Dessa relação nasceram seis filhotes. O único com autorização da Lory para se aproximar da ninhada era eu. Limpar o ambiente, dar banho nos filhotes, etc. No grupo, havia um “neguinho”, igualzinho à Lory quando bebê. Porém, com um pequeno defeito físico. A pata dianteira direita, era inteiramente torta voltada para dentro. Comecei a observar que o neguinho estava sempre chorando e fora da área das tetas da mãe. No reino animal, o filhote deficiente físico era rejeitado pelo grupo. (Até no reino animal?). Passei então a colocá-lo junto às tetas da mãe e vigiar até que estivesse saciado. Certa noite ao chegar, dei pela falta do nosso neguinho. Fui até a Lory e perguntei-lhe em altos brados: “O que você fez com o seu filho???”. Ela levantou-se, seguiu até a varanda da casa e parou diante de um vaso de plantas onde o neguinho estava enterrado apenas com a cabeça para fora. Dei-lhe uma bronca, lavei o neguinho, fiz-lhe amamentá-lo fartamente e separei-o do grupo. Sorte é que após um mês, quando estávamos doando os filhotes, uma pessoa amiga, anjo bom, adotou o neguinho. Ficando apenas a Milly, uma das filhas, para ser a sua companheira.
Anos mais tarde, após chegar de um jantar na casa de amigos, onde uma filhote de Pastor-Alemão ficou o tempo todo nos meus pés, assim como a Lory fez, mordendo a boca da calça, sapatos, e a mim, tudo numa brincadeira de bebê, a Lory, de mim se aproximou, como sempre fazia, olhou-me nos olhos, como quem perguntando, quem é a “sirigaita?”. Quase dizendo “ou ela ou eu”. Notei a cena de ciúmes, tentei fazer-lhe um carinho, ela recusou e entrou para o canil, sem sequer me olhar. Parece que foi dormir com uma “pulga atrás da orelha”, literalmente. Pela manhã, passou por mim indiferente, não aceitou os afagos matinais, comeu e foi brincar com a Milly, mostrando sua total indiferença. O desprezo doeu!
Os anos se passaram. A Lory, já com 17 anos, segundo os veterinários, os cães multiplicam os anos vividos por sete. Portanto, a minha neguinha já estava com mais de 100 anos. Ela já não enxergava direito, comia lentamente, dormia o tempo todo, enfim, o peso da idade já se fazia presente.
Semana passada, como acontecia diariamente, fui acordá-la para as suas atividades matinais, acordou com dificuldade, caminhou em minha direção, lançou-me um olhar com profunda tristeza, ajoelhou-se aos meus pés, e morreu. Embora esse momento fosse esperado, não pude conter as lágrimas que me rolaram à face. O que mais marcou profundamente foi o sentido daquele olhar, que muita coisa poderia dizer. Prefiro acreditar que ela disse simplesmente para mim: “Adeus papai, eu te amo!”
Lory, em minhas preces diárias, apenas agradeço ter tido a oportunidade de conviver com você esses 17 anos. Se existe reencarnação também para animais, quem sabe se um dia estaremos reencarnados em condições opostas, então seria a minha oportunidade de lhe dedicar todo o meu amor e a minha “FIDELIDADE CANINA”.


Hilton Nascimento